sábado, 27 de março de 2010

Che paura

Chove na minha cabeça
Minha cama molhou toda
Me deu gripe, che paura
Finalmente minha vida
Deixa a secura, o árido
Umidificado e limpo
Sigo, puto, vida dura

quinta-feira, 18 de março de 2010

Pelos e poros

É por não usar camisa
Engomada e made in Italy
Por cagar para a essência
Inédita do perfume francês
Que sou assim

Prefiro mil vezes posar de
Delinquente a virar imbecil
Pavoneando pelas esquinas
Para as meninas, putas finas
Eu sou assim

Aí, à noite, quando vocês
Dobram as nobres vestimentas
Despem-se dos pudores para
Foder sobre o mármore frio
Clareia, enfim

Vocês são como eu:
Pelados, suados, úmidos
Cheios de pelos e de poros

Mas são muito piores:
Porque vocês são quase
Nada sem o rigor da moda

E eu sou isso mesmo:
Suor, saliva, porra
Sou fé, fedor. Sou foda

sábado, 13 de março de 2010

Mosquito

Mosquito esmagado no banheiro
Perninhas finas erguidas
Quase com um rosto de sofrer
Esmagado, inseto estúpido
Parece até um programa de TV
Com aquela gente toda fodida
Casa boiando, corpos boiando
Cheia de raiva nos olhos
Matando e morrendo no farol
E aí, pensando nisso ainda
Me volta o amigo de mijadas
Mosquito que me faz ver:
Uma bala na cabeça
Um rasgo no coração
Uma sentença de morte
Nada disso muda
A condição de sermos
Apenas insetos estúpidos

quinta-feira, 4 de março de 2010

Na média

Merda é ser uma pessoa
média

Faz de tudo um pouco e faz
pouco

Aprende mundos e sabe a fundo
nada

Pessoa sanduiche de pão com ovo
de novo
Meia mussarela, meia calabresa
de novo
Uma belíssima foda mal dada
de novo

Absolutamente comum, enfim
Na média

Uma merda