quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Acento

Escrevo sem acento pois me dou por vencido
Esta maquina aqui nao tem traco
Nao tem crase
Nao tem nem o mais simples
Grave
Nao tem nem exclamacao
Grave bem

Entao dialogo sem travessao, sem aspas
Numa labia que se arrasta sem pontuacao
Numa eterna afirmacao
E ainda ha mais faltas

O que somos com a ausencia de interrogacao
O que somos sem os infimos acentos

Apenas um emaranhado sem sentido
Uma frase atras da outra

Coisa solta

Coisa tola
De impossivel traducao

Escrevo sem acento em minhas maos
Sou peito oco a bater sem coracao
Tenho alma escura, sem transparencia
Vivo enfileirado, surdo, mudo, cego

Sem aspas, sem travessao

Esta eterna reticencia