terça-feira, 13 de julho de 2010

Que te move

Que te basta
se não amor

Que te ri
se não cor

Que te cala
se não dor

Que te prende
se não calor

E tudo mais
naquilo que
pode haver

Que te move
que te morre
que te mantém

Vivo

sábado, 10 de julho de 2010

Dormência

Em alguns dias somos pó
Retratos da indecência
Sai o Sol, esquenta a pele
E ainda assim, no calor
Há um gelo que atormenta

Porque a cabeça lhe pesa
Os ombros lhe doem
E o insípido dessa vida
Com o perdão: lhe fede

Mas creia, mesmo assim
Nesse dia descartável
Pode surgir um sorriso
Uma voz nesse penhasco
Um cheiro de corpo quente

Eis: revela-se o improvável
E um olhar de alma inteira
Que arrebata a treva toda
Sem perdão algum lhe rende

Torna, então, o dia podre
Em que éramos um pó
No cúmulo da decência
Barra nuvens, abre o Sol
Doura a vida, cora a pele

E ensopa o coração, pois
Esse gosto, quero sempre
E vontade, haverá sempre
Tudo sou nessa dormência

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cílios

Cílios são flechas miradas ao céu
Olhos são arcos
Bocas são marcos
Ventre é um abrigo na Terra
Braços são ganchos
Pernas são arcos
Peitos são fonte de nutrição
Pintas são marcas
Pintos são facas
Pele é a capa de um livro
Unhas são lixo
Suores são viscos
Coração é apenas um vulcão
Sangue é lava
Sangue me lava

Cílios são flechas miradas ao céu