sábado, 10 de julho de 2010

Dormência

Em alguns dias somos pó
Retratos da indecência
Sai o Sol, esquenta a pele
E ainda assim, no calor
Há um gelo que atormenta

Porque a cabeça lhe pesa
Os ombros lhe doem
E o insípido dessa vida
Com o perdão: lhe fede

Mas creia, mesmo assim
Nesse dia descartável
Pode surgir um sorriso
Uma voz nesse penhasco
Um cheiro de corpo quente

Eis: revela-se o improvável
E um olhar de alma inteira
Que arrebata a treva toda
Sem perdão algum lhe rende

Torna, então, o dia podre
Em que éramos um pó
No cúmulo da decência
Barra nuvens, abre o Sol
Doura a vida, cora a pele

E ensopa o coração, pois
Esse gosto, quero sempre
E vontade, haverá sempre
Tudo sou nessa dormência

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