sábado, 31 de março de 2007

Gota

Escorre pela testa
Testa
Passa pelo rosto
Gosto
Rasga a boca
Pouca
Corre o peito
Leito
Foge do ventre
Dormente
Dor latente
Pungente
Urgente
Pela perna
Perde
Deita o dedo
Medo
E vai ao chão
Pavor
Só uma gota
Esgota
Só suor
É só suor
Mas soa
És gota
E só

terça-feira, 27 de março de 2007

Sou

No fundo
Sou raso
Um rasgo no tempo
Um lapso das horas
Caminho torto
Falo pouco
Se é pra me descobrir
Tem de olhar de perto
Tem de olhar no fundo
Não tenho trocado
Meu sonho é em vão
No fundo
Sou não
No raso
Sou são

terça-feira, 20 de março de 2007

Meu caminho

Desejo, cegamente, que você cresça
Que o que houve, ouça pra existência
Que o que pensou, amadureça
Pois na vida não há o que não seja
Sendo o ser nosso querer, mereça

Desejo, naturalmente, que você se case
Pois não há o que separe os pares
Não há o que divida os lares
Sendo o ser sua morada, ampare
Vindo a dor, que seus ombros, parem

E nunca chore, nunca duvide
Nunca pense que a dor
Deixa um convite
Pra ir morar contigo

Eu moro contigo
Eu vivo e consigo
Eu vejo que o natural
E o cego
Caminham juntos
E vêem, sozinhos
Que nada é inimigo
Que o novo é o antigo

Cantinho
No cantinho eu vivo
Eu caminho meu caminho

Livre

Cuba libre
Fidel vive
Quem me inibe

Nem tu, cretina
Nem eu, rotina

Pra quem vive
Nada inibe
Cuba libre

terça-feira, 13 de março de 2007

Ninguém gosta do meu gosto
Quando meu gosto é ácido

Ninguém goza do meu gesto
Quando meu gesto é áspero

E ai de quem tentar querer o meu querer
Porque o que eu tenho é ácido

Mas há quem me queira, há quem me ame
Há quem reclame de não poder me querer

E ainda que um dia dure uma eternidade
E que a solidão acorde na madrugada
E siga meus passos por todos os cantos
Há de haver quem goste do meu gosto


Mesmo ácido
Mesmo áspero
Mesmo ácido

Mesmo sendo assim do jeito que for

Seja de horror
Seja de dor
Seja sem cor

Mas há quem me quererá, quem amará
Sem reclamar e podendo querer
Simplesmente gostando
Do gosto de me ter

segunda-feira, 5 de março de 2007

No ar

Há algo espesso que eu sinto no ar
Pois é hoje que ele vai me ajudar
Abrirá seus olhos, sua mente
Bem ele, ser oponente
Encerrará o vazio
E agora: já sente

Sente-se
Sinta
Sente-se

E agora: presente
O começo do meu rio
Corrente, água quente
Pulso pra que você me reine
Hoje tem início nosso desaguar
Pois sinto algo forte que há no ar

Eu espero

Se demora para te conquistar
Eu espero

Acordo para andar
E te levo
Sento para almoçar
E te janto
Até esqueço de parar
E não paro

Se demora pra te conquistar
Eu espero

A demora para eu estar
No seu tempo

É o que leva para ficarmos
Inteiros

sexta-feira, 2 de março de 2007

Vodu

Sinto umas pontadas estranhas nas costas
Tem alguém aí brincando de vodu comigo?

Sinto meus olhos pesados e tombando
Tem alguém aí pensando em me apagar?

A luz do norte não indica a morte
A sombra do leste não reflete a peste

Para garantir a paz, comprei um 38
E doses exageradas de soníferos

Click. Glub. Boa noite