Passam horas, passam horas
Horas teimam em não passar
E você:
Onde anda?
O que come?
Onde está?
Meu amor, tenho fome
A vida às vezes some
E meu corpo todo teima
Em viver só de ponteiros
A noite toda um tic-tac
Tic-tac um dia inteiro
E você:
Com quem anda?
Com quem come?
Com quem está?
Passam horas, passam horas
Horas teimam em não passar
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Rabisco
Te desenho em cores
Te rabisco
Ou: tento rabiscar
Não sei nada de desenho
Mas sei tudo de amar
Traço retas, riscos setas
Eu só tento te escrever
Faço versos, rasgo verbos
Não sei nada de poesia
Mas se tudo de viver
Faço apenas respirar
Sugo o ar, cuspo o ar
Preso à vida, preso à vida
Nada mais há a fazer
Nem há algo pra chorar
Te rabisco
Ou: tento rabiscar
Não sei nada de desenho
Mas sei tudo de amar
Traço retas, riscos setas
Eu só tento te escrever
Faço versos, rasgo verbos
Não sei nada de poesia
Mas se tudo de viver
Faço apenas respirar
Sugo o ar, cuspo o ar
Preso à vida, preso à vida
Nada mais há a fazer
Nem há algo pra chorar
Eu rezo
Eu rezo
Toda noite eu rezo
Nunca peço para mim
Mas rezo
Para que meu amor fique bem
Para que nossa filha tenha sorte
Para que nossos pais nos suportem
Para a vida passe mansa
E mesmo que uma coisa ou outra
Siga fora do lugar, que se oculte
Ainda assim eu rezo
Toda noite eu rezo
Mesmo que nem saiba
O que rezo
E para quem
Toda noite eu rezo
Nunca peço para mim
Mas rezo
Para que meu amor fique bem
Para que nossa filha tenha sorte
Para que nossos pais nos suportem
Para a vida passe mansa
E mesmo que uma coisa ou outra
Siga fora do lugar, que se oculte
Ainda assim eu rezo
Toda noite eu rezo
Mesmo que nem saiba
O que rezo
E para quem
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Simetria
O que há de simetria
Nesta noite crua e fria
O grito do vizinho louco
O apito do trem, os latidos
Tenho pra mim que nada vale
Quando os lados se equivalem
Prefiro este meu olhar torto
Vesgo, feio e combalido
Nesta noite crua e fria
O grito do vizinho louco
O apito do trem, os latidos
Tenho pra mim que nada vale
Quando os lados se equivalem
Prefiro este meu olhar torto
Vesgo, feio e combalido
Não posso
Não posso ser o que querem
Porque sequer ser sei
O que sou
E quando for aquilo que quero
Aí mesmo serei tudo aquilo
Que ninguém quer
Dá-se então que ser é isto:
Um nada
Porque sequer ser sei
O que sou
E quando for aquilo que quero
Aí mesmo serei tudo aquilo
Que ninguém quer
Dá-se então que ser é isto:
Um nada
quarta-feira, 23 de março de 2011
Eternidade
Espreme o coração até sangrar
Sente a dor e o gozo de amar
Homem que não ama adoece
O que não sangra nunca cresce
Tem que morrer e gozar de dor
Sangrar tudo e reviver no amor
Sente a dor e o gozo de amar
Homem que não ama adoece
O que não sangra nunca cresce
Tem que morrer e gozar de dor
Sangrar tudo e reviver no amor
segunda-feira, 14 de março de 2011
Lua
Pouco me importa saber da lua
Hoje ela é meia, amanhã completa
É como a vida que escapa crua
Como o ventre da mulher nua
É clara um dia, o outro secreta
Pouco me importa saber do céu
Queima o dia, doura a tarde
Transforma o mundo num véu
Faz um doce num dia de fel
Me dói gosta também me arde
E pouco me importa o ontem
Que se ontem fosse hoje seria
Amanhã e desde sempre haveria
Pois sendo hoje há de haver
Desde que o céu é lua
Desde que o sol é dia
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Seu amor meu
Ser feliz é isto:
Ver que se perdeu
A dor de Brel
O ódio de Céline
A raiva de Rubem
A dor de Chico
Tudo isso morreu
Ser feliz é isto:
Dormir piemonte
Acordar pirineus
O calor de Roberto
O torpor de Charlotte
O tesão de Vinícius
É o seu amor meu
E o seu amor meu
E o meu amor seu
E o seu e o meu
Amor
Ver que se perdeu
A dor de Brel
O ódio de Céline
A raiva de Rubem
A dor de Chico
Tudo isso morreu
Ser feliz é isto:
Dormir piemonte
Acordar pirineus
O calor de Roberto
O torpor de Charlotte
O tesão de Vinícius
É o seu amor meu
E o seu amor meu
E o meu amor seu
E o seu e o meu
Amor
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