Jamais chorei assim
A casa foi inundada, submersa
Os móveis ficaram perdidos
Ninguém ousou se aproximar
O cachorro desistiu de latir
A luz entrou em curto e apagou
Até a chuva cessou, por piedade
Jamais corei assim
Na frente da tela, na espera
O riso ficou abafado, preso
Tive medo de me aproximar
O vigia olhou desconfiado
O elevador subiu, arrastando-se
A água acabou, pela sede insaciável
E entre o corado e o chorado
Entre o certo e o incerto
Houve o quê?
Sequer tempo houve
(Me ouve...)
Houve a quebra abrupta
A pontada aguda
O desejo de escolher de pronto
Pronto: está feito
(Me ouve...)
Vai-se o novo, sem efeito
Vai-se o novo, quase inteiro
Quase inteiro
Ah, lindo jeito racional
(Me ouve...)
Vê-se que o opção, na verdade
Foi nada mais que um arroubo
De pura passionalidade
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