segunda-feira, 30 de abril de 2007

Passionalidade

Jamais chorei assim
A casa foi inundada, submersa
Os móveis ficaram perdidos
Ninguém ousou se aproximar
O cachorro desistiu de latir
A luz entrou em curto e apagou
Até a chuva cessou, por piedade

Jamais corei assim
Na frente da tela, na espera
O riso ficou abafado, preso
Tive medo de me aproximar
O vigia olhou desconfiado
O elevador subiu, arrastando-se
A água acabou, pela sede insaciável

E entre o corado e o chorado
Entre o certo e o incerto
Houve o quê?

Sequer tempo houve
(Me ouve...)

Houve a quebra abrupta
A pontada aguda
O desejo de escolher de pronto

Pronto: está feito
(Me ouve...)

Vai-se o novo, sem efeito
Vai-se o novo, quase inteiro
Quase inteiro

Ah, lindo jeito racional
(Me ouve...)

Vê-se que o opção, na verdade
Foi nada mais que um arroubo
De pura passionalidade

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