Então, de repente, nem sei quando
Vi que parei de chorar
Esfreguei meus cabelos brancos
Alisei meus olhos santos
Notei que o que era pra ser
Estava lá
Então, de repente, nem sei quando
Descobri...
A vida inteira, quando jovem
Lutamos para ser Verão
O corpo exposto, o riso solto
A alma e todo o coração vão
Mas o Verão, como se sabe
Tem suas muitas águas
Abundantes, fortes, desvairadas
E o Verão, meu caro, o Verão me passa
Então, de repente, nem sei quando
Me cobri...
E vi que eu já era Inverno
Pois sou frio, sou forte, sou Norte
Mostro só o que se deve
Rio só quando me serve
Como todo Inverno, seco
Ninguém vê a chuvarada
Pouco choro minhas mágoas
O Inverno, meu caro, o Inverno me serve
Então, de repente, nem sei quando
Com meus brancos cabelos de neve
Com minhas rugas, rusgas de leve
Sinto o Sol ofuscar, lindamente
A vista dos que vêm do Verão
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