Quando passei pela rua ele já tava caído
Uns três ou quatro ainda davam chutes na cabeça
Coisa tímida, com o cara lá, babando sangue
Parei pra olhar aquilo bem. Fui chegando perto
Era uma porra de um velho de uns 70 anos
Tava todo fodido, braços quebrados, sem dentes
Olho querendo escapar da órbita. Um lixo de velho
Esperei os três ou quatro acabarem com sua sede
E fiquei lá, eu e o velho fodido babando sangue
Eu disse: "oi velho, consegue me ouvir?"
"Tu tá todo fodido velho e nem polícia veio"
Olhei pra o céu, tava escurecendo rápido
Aquele filho da puta devia ter feito algo terrível
Ou devia ter feito nada. Essa é minha teoria
No mundo de hoje, fazer nada transforma você
Numa espécie de criminoso. Pelo ócio, pelo ódio
Ele devia ter feito nada, certeza. Velho de merda
O sangue que escorria da cabeça fazia uma poça
Dei um passo para trás. Saquei meu celular
Limpei o visor. Por que aquela merda de visor
ficava sempre tão engordurada, mesmo no bolso?
Disquei. A atendente soltou sua frase padrão,
misto de autoridade e conforto. Me deu raiva daquilo
Foda-se o velho babador de sangue, foda-se a atendente
Simplesmente saí andando. Rápido, olhando para os lados
Afinal, não dei porrada no velho, não o socorri. Fiz nada
E por nada, nego toma surra até virar do avesso
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Solidão
Sou só solidão
Sonho sempre
Ser Sol
Sinto sempre
Ser santo
Salto, subo
Suo
Sento, sofro
Seco
Sendo...
... sincero
Sou...
... cínico?
Sou só solidão
Sonho sempre
Ser Sol
Sinto sempre
Ser santo
Salto, subo
Suo
Sento, sofro
Seco
Sendo...
... sincero
Sou...
... cínico?
Sou só solidão
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Quero tudo
Tudo que quero é nada
Nada que tenho é tudo
Pois se eu gosto, cresço
Mas vezes também reduzo
E hoje, enquanto tento
E tentando assim, afundo
Reviro, volto avesso
Nessa aversão ao mundo
Que tanto me desagrada
Sangra, rói, dói fundo
Posto que tenho nada
Sendo que quero tudo
Nada que tenho é tudo
Pois se eu gosto, cresço
Mas vezes também reduzo
E hoje, enquanto tento
E tentando assim, afundo
Reviro, volto avesso
Nessa aversão ao mundo
Que tanto me desagrada
Sangra, rói, dói fundo
Posto que tenho nada
Sendo que quero tudo
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