Chego em casa cedo, quase sem falar
O coração na mão, e um copo de vinho
No mundo, nunca mais ficarei no chão
E ainda que a lógica insista em negar
Nunca mais cairei, nunca sangrarei
O sol da janela me diz: saia daqui
Eu abro o armário, dobro o roupão
Viro o disco, aceito dançar a canção
E assim, sem contar, tudo se vai
Como o amor do refrão, que vem dizer
Que vale a pena viver sem sofrer
Ainda que o peito teime em doer
Pois estou aqui só pra contrariar
Caio do barranco e insisto em ver
O mar está ali pra me acolher
Azul em reluzir, ondulando o tempo
Mas o vinho nesta taça já não basta
Pra essa loucura sem defeito
Transfigurando a ida em vinda
Sem jeito quando chego em casa
Eu cedo, quase sem falar
Nenhum comentário:
Postar um comentário