terça-feira, 3 de outubro de 2006

Cedo

Chego em casa cedo, quase sem falar
O coração na mão, e um copo de vinho
No mundo, nunca mais ficarei no chão

E ainda que a lógica insista em negar
Nunca mais cairei, nunca sangrarei
O sol da janela me diz: saia daqui

Eu abro o armário, dobro o roupão
Viro o disco, aceito dançar a canção
E assim, sem contar, tudo se vai

Como o amor do refrão, que vem dizer
Que vale a pena viver sem sofrer
Ainda que o peito teime em doer

Pois estou aqui só pra contrariar
Caio do barranco e insisto em ver
O mar está ali pra me acolher

Azul em reluzir, ondulando o tempo
Mas o vinho nesta taça já não basta
Pra essa loucura sem defeito

Transfigurando a ida em vinda
Sem jeito quando chego em casa
Eu cedo, quase sem falar

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