Aos 31 anos, cheio de questionamentos vitais e seguro de que muitas das respostas nunca virão, tomei uma decisão fundamental de ano novo (coisa, aliás, que acho ridícula): vou começar a jogar videogame.
Vou começar não. Já comecei. Vi preços de aparelhos - cujos modelos e possibilidades eu desconheço - e estava quase fazendo mais uma dívida quando meu irmão, salvador, veio com a notícia. "Cara, tenho um Playstation 2 na caixa e não uso. Leva pra você jogar."
Dito e feito. E bem feito, no final. Instalei, joguei algumas vezes completamente atrapalhado com o número de botões e, enfim, imaginei estar ambientado com o treco. Detalhe: para jogar, deixei Garcia Márquez adormecido ao lado da minha cama. Cheio de histórias pra contar, tagarela e genial, como sempre.
Voltando. Após as tentativas e os treinos, cheguei em casa na segunda-feira, à 1 hora, madrugada pós-trabalho, e decidi desbravar um CD do videogame. "Shadow of the Colossus", ou algo bem parecido, é o nome do negócio.
A abertura - quase um filme, inclusive sem jogo - durou uns 15 minutos. Daí, meu controle tremeu, consegui dar uns passos com o bonequinho e... novo capítulo da produção. Cerca de meia hora depois de ligar, finalmente começa a brincadeira.
Vou resumir o final para amenizar o sentimento de piedade: fiquei uns 90 minutos jogando. Corre, pula, levanta a espada, sobe no cavalo, desce, corre mais, entra na água, entra no castelo, sai do castelo. E só isso. Não achei um inimigo, não matei ninguém, não "conversei" com qualquer porra de personagem. Fiquei numa punheta virtual que saiu do nada para o lugar nenhum. E descobri que não tenho a menor vocação para essa grande bosta.
No fundo, isso é uma excelente notícia para meu cérebro. Mas, como não sou insensível, só me sentirei livre novamente após minhas desculpas públicas. Perdoa-me, Gabo!
Um comentário:
Arrume "Medal Of Honour" ou "Call of Duty". World War II, dude. E saia matando alemães alegremente.
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