domingo, 29 de março de 2009

E a gente?

Nunca doeu tanto, nunca
Uma dor foi tão latente
Eu que achava - inocente -
Que havia sofrido, havia
Que havia estado doente
Mas tanto de ti nessa casa
Afunda o peito, dormente
Porque tudo que seria
Pra sempre virou nada
E segue a vida, ela gira
Gira o mundo, gira a mente
Mas e a gente?
E a gente?

domingo, 22 de março de 2009

Vontade

Se eu me deixar levar
Será que vai dar?
E se eu não deixar
A dor vai continuar?
Se for pra ser assim
Deixo nesse instante
O mundo cair

Em mim, e há de vir
Quem sabe, amanhã
De novo, vontade

quinta-feira, 19 de março de 2009

Um desatino

Se eu pudesse ser o que querem
Seria uma canção de Roberto
Com o amor vencendo enfim
Seria um samba de Noel
Num romance de botequim
Ou um poema de Vinicius
Sem porre, sem folhetim

Ou poderia ser uma pausa
Uma pausa
Uma pausa
Uma...
... pausa

Se eu pudesse ser o que querem
Seria o respiro de uma valsa
O acorde em que se cala
Ou então uma cena forte
Com cheiro de adrenalina
O momento em que termina
Toda tela apaixonada

Ou poderia ser um nada
Um nada
Um nada
Um...
... nada

Se eu pudesse ser o que querem
... mas sou isso, a pausa e o nada
O vento alimentando brasa

Se eu pudesse ser o que quero
... sendo isso, um desatino
Aceito o que traz o destino

sexta-feira, 13 de março de 2009

Próximo capítulo

Antes de sair de casa eu li
Um capítulo daquela porra de livro incompreensível
E fiquei pensando que eu não entendo nada
De nada, uma merda
Aí, durante o dia, vi um sujeito
Fingido ridículo e asqueroso
Uma bicha afetada e carente
Com seu tipinho sujo e fedendo a sexo
E uma mulher vulgar e gostosa
Que era o cúmulo da vulgaridade
Parei no bar com essa gente da cabeça
E com o livro, incompreensível
Em casa, vem você e diz que não me entende
Não entendo nada também
Porra. Lembrei do livro
Não entender até que é bom
Vou para o próximo capítulo

segunda-feira, 2 de março de 2009

Antídoto

(Meu anti, meu tudo)

Contra o que sempre quis
Nunca o que sonhei e
Tudo o que me fez é seu

(Meu canto, meu nada)

Voraz, devora o mundo
E agora voa, rápido
Assim lhe passa o peso

(Meu bem, meu mal)

Você é o meu lado
Mais puto, mais animal
Mais louco e irracional

(Antídoto verdadeiro)

Para todas as dores
A calma e a latejante
Cura mesma e verdadeira

(Antítese total)

Somos isso / Cerveja e sangue
Riso e choro / Bem natural, afinal
Mas que findou / E findou mal